Boas!
Uma vez que já recomecei a treinar, vou terminar a trilogia de histórias, porque depois vou estar concentradíssimo como o Futre, e não vai dar! :)
Esta é mais uma viagem aos meus tempos de juvenil/junior e desta vez nos regionais de pista da Associação de Lisboa, no velhinho Estádio de Alvalade! O ano deve ter sido por volta de 1984/1985...
Durante esses regionais de pista, iria competir nos 800 e nos 1500 metros. No dia dos 800 metros tinha de acabar a prova e seguir diretamente para um batizado e já só chegaria a tempo do comes e bebes, que teria lugar no popular e conhecido Restaurante O Cangalho, na zona saloia (ouvi dizer que fechou há alguns anos).
Para me apoiar na prova, nas bancadas tinha os meus pais e irmã.
Fazendo um aparte, esclareço que a minha carreira como atleta foi sempre mediana, pois apesar de esforçado não conseguia atingir aquele nível para vitórias ou grandes marcas. Por vezes lá contribuia com pontos para a equipa e já não era mau.
Naquele dia, lá estava eu para correr na estranha pista de tartan verde, a única do género em Portugal, e esperei a minha série, que era definida pelos tempos ao júri da prova. Nas inscrições para a série, feitas no local, a malta às vezes aldrabava um bocado os tempos para serem incluidos em séries mais rápidas, um pouco o que se passa hoje com as provas populares e as caixas de partida. Eu nunca o fiz, dei sempre o meu melhor tempo na distância, mas se fosse hoje daria uns segundos a menos, para ter melhores resultados, mas... adiante.
Dá-se a partida, e lá vou eu no pelotão para as duas voltas à pista. Os 800 metros são uma prova lixada, pois é feita no limiar do anaérobico e princípio do aeróbico, mas esta série estava lenta e na 2ª volta, para conseguir um melhor tempo decidi atacar a liderança e já não a larguei, terminando em primeiro. Tinha ganho a série, mas apenas seriam apurados os melhores tempos para a final, o que não consegui.
Entretanto na bancada, a família festejava a vitória como se eu fosse campeão.
O que estava combinado era que assim que eu despachasse a minha prova os meus pais avisariam para o restaurante, pois iriam tentar adiar um pouco o serviço para nós chegarmos a tempo. Assim foi e enquanto eu me equipei, isso foi feito via telefone, com a surpreendente informação extra que eu tinha ganho a prova!
Chegados ao restaurante, entrámos e imediatamante oiço o artista de serviço que estava a cantar, que interrompe a cantoria e anuncia " Uma salva de palmas para o nosso campeão, que acabou de vencer uma corrida em Lisboa. Parabéns Luis!".
De repente, cerca de 120 pessoas começam a aplaudir a minha vitória, que sabemos não ter sido bem assim. Alguns, já com umas entradas espirituosas no bucho, estavam bastante efusivos e ainda me deram uns abraços apertados!
- Mas... mas... eu não ganhei nada!", dizia eu à família! "Só ganhei a série!"
- "Ganhaste a série? Parabéns, pá! Temos campeão!!!"
Não adiantava... eu tinha ganho a prova e ninguém os convencia do contrário.
E enquanto eu percorria a sala, que era enorme, com capacidade para umas 300 pessoas mais o palco, e me ia dirigindo para o meu lugar na mesa, eu ia sendo aplaudido entusiasticamente como se fosse um campeão do mundo! "Então é assim que se sentem os campeões?" pensava eu...
Restou-me acenar e agradecer! :)
Às tantas, durante a festa, desisti de explicar um a um que o que tinha acontecido era uma simples vitória numa série e comecei a disfrutar dos louros! Que se lixe! Não traria grande mal ao mundo.
Foi assim até ao final, com os alguns convidados, na sua maioria desconhecidos, que iam passando por mim e dando os parabéns! "Obrigado, obrigado...!"
Foi um dia de glória...
Foi assim que fui Campeão no Cangalho!
Hasta
Uma vez que já recomecei a treinar, vou terminar a trilogia de histórias, porque depois vou estar concentradíssimo como o Futre, e não vai dar! :)
Esta é mais uma viagem aos meus tempos de juvenil/junior e desta vez nos regionais de pista da Associação de Lisboa, no velhinho Estádio de Alvalade! O ano deve ter sido por volta de 1984/1985...
Durante esses regionais de pista, iria competir nos 800 e nos 1500 metros. No dia dos 800 metros tinha de acabar a prova e seguir diretamente para um batizado e já só chegaria a tempo do comes e bebes, que teria lugar no popular e conhecido Restaurante O Cangalho, na zona saloia (ouvi dizer que fechou há alguns anos).
Para me apoiar na prova, nas bancadas tinha os meus pais e irmã.
Fazendo um aparte, esclareço que a minha carreira como atleta foi sempre mediana, pois apesar de esforçado não conseguia atingir aquele nível para vitórias ou grandes marcas. Por vezes lá contribuia com pontos para a equipa e já não era mau.
Naquele dia, lá estava eu para correr na estranha pista de tartan verde, a única do género em Portugal, e esperei a minha série, que era definida pelos tempos ao júri da prova. Nas inscrições para a série, feitas no local, a malta às vezes aldrabava um bocado os tempos para serem incluidos em séries mais rápidas, um pouco o que se passa hoje com as provas populares e as caixas de partida. Eu nunca o fiz, dei sempre o meu melhor tempo na distância, mas se fosse hoje daria uns segundos a menos, para ter melhores resultados, mas... adiante.
Dá-se a partida, e lá vou eu no pelotão para as duas voltas à pista. Os 800 metros são uma prova lixada, pois é feita no limiar do anaérobico e princípio do aeróbico, mas esta série estava lenta e na 2ª volta, para conseguir um melhor tempo decidi atacar a liderança e já não a larguei, terminando em primeiro. Tinha ganho a série, mas apenas seriam apurados os melhores tempos para a final, o que não consegui.
Entretanto na bancada, a família festejava a vitória como se eu fosse campeão.
O que estava combinado era que assim que eu despachasse a minha prova os meus pais avisariam para o restaurante, pois iriam tentar adiar um pouco o serviço para nós chegarmos a tempo. Assim foi e enquanto eu me equipei, isso foi feito via telefone, com a surpreendente informação extra que eu tinha ganho a prova!
Chegados ao restaurante, entrámos e imediatamante oiço o artista de serviço que estava a cantar, que interrompe a cantoria e anuncia " Uma salva de palmas para o nosso campeão, que acabou de vencer uma corrida em Lisboa. Parabéns Luis!".
De repente, cerca de 120 pessoas começam a aplaudir a minha vitória, que sabemos não ter sido bem assim. Alguns, já com umas entradas espirituosas no bucho, estavam bastante efusivos e ainda me deram uns abraços apertados!
- Mas... mas... eu não ganhei nada!", dizia eu à família! "Só ganhei a série!"
- "Ganhaste a série? Parabéns, pá! Temos campeão!!!"
Não adiantava... eu tinha ganho a prova e ninguém os convencia do contrário.
E enquanto eu percorria a sala, que era enorme, com capacidade para umas 300 pessoas mais o palco, e me ia dirigindo para o meu lugar na mesa, eu ia sendo aplaudido entusiasticamente como se fosse um campeão do mundo! "Então é assim que se sentem os campeões?" pensava eu...
Restou-me acenar e agradecer! :)
Às tantas, durante a festa, desisti de explicar um a um que o que tinha acontecido era uma simples vitória numa série e comecei a disfrutar dos louros! Que se lixe! Não traria grande mal ao mundo.
Foi assim até ao final, com os alguns convidados, na sua maioria desconhecidos, que iam passando por mim e dando os parabéns! "Obrigado, obrigado...!"
Foi um dia de glória...
Foi assim que fui Campeão no Cangalho!
Hasta
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